Gazeta de Muriaé
  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter

Em 19/07/2007 às 16h12

Projeto Vida: Alfabetização e Cidadania

  No último sábado (12), o Espaço Cultural D'el Rei, na Escola São Paulo, foi palco uma das mais emocionantes cerimônias de formatura da história da entidade. Trata-se da entrega dos certificados dos alunos do Projeto Vida, que atinge a jovens e adultos trabalhadores.

  O evento foi presidido pelo professor Nicodemus Couto, Diretor da Escola São Paulo e teve como Mestre de Cerimônias o professor Baldanza. Depois de formada a mesa diretora, sob orientação do professor Nicodemus, todos rezaram o Pai Nosso e, na seqüência, foi executado o Hino Nacional. Impossibilitada de comparecer à formatura, a Secretária de Educação, Maria Amélia Xaia, enviou correspondência cumprimentando todos os formandos e à instituição pela iniciativa.

  A Escola São Paulo, por acreditar que a educação é uma das alavancas do processo de transformação social, propõe, através do Projeto Vida, a inclusão dos jovens e adultos trabalhadores que, por inúmeras razões, não freqüentaram a escola na infância. Esta é uma forma de proporcionar a essas pessoas condições necessárias para resgatar o tempo perdido.

  A Supervisora Pedagógica da Escola São Paulo, Márcia Maria Murta de Castro Carvalho, Assessora Pedagógica da Educação de Jovens e Adultos, falou sobre o Projeto Vida: "Acreditamos que uma proposta educacional para jovens e adultos precisa ter, dentre seus objetivos, um caráter de continuidade e um currículo que privilegie não só o aspecto cognitivo da aprendizagem, mas também o social, o político, o econômico, o afetivo e o cultural desta clientela de jovens e adultos trabalhadores".

  O que chama a atenção no Projeto Vida é que não foi utilizado, sequer, um livro didático tradicional: ao longo dos dois anos de duração do curso, os próprios alunos construíram o livro didático da turma. “Os alunos são construtores do próprio material, inclusive dos próprios textos, através de jornais, revistas e situações do seu próprio cotidiano e problematizando estas situações, estamos em busca da formação crítica e participativa destes alunos na sociedade", justificou Márcia Murta.

  De acordo com ela, o projeto segue parâmetros de educação propostos por Paulo Freire: "Os registros relevantes, constantes do plano de trabalho - cujo objetivo insere a participação de todos os alunos com o intuito de resgatar a história de suas próprias vidas através de depoimentos, textos troca de experiências, fiéis aos registros de suas idéias – teve como parâmetro a filosofia do educador Paulo Freire. Segundo ele, os homens se fazem na palavra, no trabalho, na ação e na reflexão. E acrescenta ‘ninguém pode dizer a palavra verdadeira sozinho, mas através do diálogo, porém, não há diálogo se não há um profundo amor ao mundo e aos homens e nesta relação dialógica entre o homem e o mundo faz-se presente a figura do educador, mediador do diálogo e orientador das ações, cujas propostas de trabalho em sala de aula são tão significativas à reconstrução históricas do valores universais’”, explicou a educadora.

  Para Márcia, a metodologia adotada exerceu especial atração sobre os alunos: "Quando um aluno se percebe sujeito histórico - o centro das atenções - e sente que sua bagagem cultural e suas experiências de vida estão sendo reconstruídas, organizadas através de um currículo inserido na própria legislação - como língua portuguesa, matemática história, geografia, ciências, principalmente a questão ambiental, a cultura afro e inúmeros projetos que, vem enriquecer o dia a dia em sala de aula – ele se torna um cidadão social. Isso faz com que ele se torne, com o passar dos anos, com este trabalho, um agente transformador dessas ações sociais e dessas ações educacionais, fica mais participativo e muito capaz de trabalhar pelas transformações sociais que tanto necessitamos".

  O Projeto Vida foi apresentado em diversos congressos de abrangência nacional e até mesmo em Cuba, país que notoriamente é reconhecido pela qualidade de sua educação. Elaborado segundo a linha do educador Paulo Freire, o projeto teve como inspiração as suas obras publicadas, entre elas, “Pedagogia do Oprimido”, “Pedagogia da Esperança”, “Pedagogia da Autonomia” e “O Ato de Ler e Escrever”. Nesses dois anos de curso, os alunos construíram um livro com o título “Pelos Caminhos da Cidadania”, abordando todos os temas relevantes apresentados em sala de aula.

  O Diretor da Escola São Paulo, professor José Nicodemus Couto comentou: "Hoje, pra todos nós da Escola São Paulo, para a equipe Pedagógica, para os alunos e para os professores, é um momento mágico, porque nós mostramos que um trabalho feito com dedicação, com amor e respeitando o conhecimento do aluno frutifica, possibilita e ajuda, para que este aluno se torne, de fato, um cidadão, uma pessoa conhecedora dos seus direitos, dos seus deveres, alguém capaz de voltar a sonhar com uma qualidade de vida melhor. Esta proposta pedagógica veio pra ficar por que mostrou na prática a total eficiência do nosso Projeto", finalizou o Nicodemus.

Autor: Cícero Gomes

Fonte: Gazeta de Muriaé



Gazeta de Muriaé
HPMAIS