Quantas
vezes não ouvimos notícias de atletas ou esportistas que perderam suas
vidas fazendo justamente o que mais sabiam fazer? Talvez o piloto Ayrton
Senna seja o caso que mais tenha chamado a atenção no mundo esportivo.
Em outras vezes, acidentes deixaram sequelas graves, como foi o caso da
ginasta Laís Souza, que hoje tenta se recuperar de uma paralisia causada
durante os treinos com esqui na neve.
Fotos Arquivo Pessoal
Infelizmente
essas coisas acontecem e são consequências do risco que existe em
alguns esportes. Mas, e quando um fisiculturista sofre um AVC – Acidente
Vascular Cerebral? Também poderia ser por consequência da prática
desportiva?
Há
2 anos atras, dia 27 de março, o Tricampeão Brasileiro de
Fisiculturismo e Top 6 Mundial – Ricardo Barguine – completa dois anos
que teve um AVC.
Naquela quarta-feira que antecedeu a Páscoa de 2013, Barguine havia
acabado de dar uma aula na universidade em que trabalha, sentiu-se mal
enquanto conversava com alguns amigos também professores e ficou com o
lado direito do corpo sem controle motor.
Após
passar três dias no CTI de um hospital e realizar dezenas de exames de
imagem, foi observado que o atleta estava com um bloqueio total da
artéria carótida esquerda e o fluxo sanguíneo daquele lado do cérebro
havia sido interrompido.
Fotos do Dia de diagnóstico ha 2 anos atrás.
Quinze
dias internado, após algumas especulações e muitos exames de sangue,
constatou-se que Barguine teve o acidente devido à presença de uma
mutação genética sanguínea, cuja consequência para o portador é
justamente a maior chance de trombose venosa – o que, de fato,
desencadeou todo o processo. Foram semanas de recuperação, repouso total
e muita psicologia.
Hoje,
totalmente recuperado e se sentindo mais à vontade para falar do
assunto, o Tricampeão Brasileiro conta que no início seu maior desespero
era porque não conseguia entender absolutamente nada do que estava
acontecendo, além da ansiedade e a dúvida se conseguiria se recuperar e
voltar à vida normal. O atleta não apenas voltou à vida normal, como
retomou os treinos e naquele mesmo ano se tornou Bicampeão Brasileiro e
ainda representou o Brasil no Campeonato Mundial na Hungria.
"Cada
dia que eu acordo e me levanto da cama hoje, agradeço por tudo o que
passei e por ter me recuperado plenamente. Muita gente reclama da vida
sem ter qualquer problema de saúde e às vezes eu sinto pena dessas
pessoas. Problemas e dificuldades todos nós temos, mas tudo depende de
como você encara as coisas" – completa ele.
Ricardo superou este momento difícil, e esta no Topo em sua Categoria, treinando pesado para mais um Campeonato.
Além
de atleta, Ricardo Barguine também é professor universitário de Física,
colunista de um grande site e palestrante motivacional, onde tenta
passar às pessoas que a motivação e a superação vêm de dentro e cada dia
é um novo dia.
"Infelizmente
o que tive não poderia ter sido evitado, a menos que eu soubesse que
tinha essa alteração genética no sangue. Treinar, pegar pesos, trabalhar
com o corpo, estar no Fisiculturismo, nada disso teve qualquer
participação no meu acidente vascular. Muita gente falou muita besteira
na época, mas o que importa é o que eu faço e não o que as pessoas
pensam que eu faço. Sou muito grato pela vida, simplesmente e o resto a
gente ajeita" – finaliza ele.